sábado, 7 de fevereiro de 2015

ENTREVISTANDO JOKA FARIA

(Por Diego El Khouri)

Mais um grande artista nas páginas virtuais desse blogJoka Faria, o escritor de São José dos Campos (SP) e do mundo.


http://entrementes.com.br/



1-  Nos conte como foi seu inicio na  literatura e as influências que marcaram sua formação artística.


Comecei desde cedo a ler. Sempre gostei muito de ler.  Na adolescência comecei a escrever letras de música por uma influência da cultura pop.
Nasci em 1969. Nos anos setenta ouvia-se boa música nas rádios de Caetano, Secos e Molhados, Raul Seixas. E assistíamos boas séries de TV: Perdido no Espaço, Vila Sésamo, Sitio do Pica-pau Amarelo, O Túnel do Tempo e bons filmes. A primeira vez que fui num cinema foi por volta de uns cinco anos em Paraisópolis (MG) e aquela tela enorme me encantou. Era um filme de Jerry Lewis, hoje infelizmente pouco celebrado. Filmes nacionais na infância era Os trapalhões no Cine Palácio em São José dos Campos.
A poesia descobri no colegial com Fernando Pessoa, Cassiano Ricardo e um livro de teatro do Plínio Marcos.
Li muita coisa da Série Vaga Lume da Ática. Sempre estava na biblioteca da escola lendo de tudo.
Já na década de 90, no inicio, conheci o povo da literatura na Comissão de Literatura da Fundação Cassiano Ricardo. Hoje estas comissões foram extintas. Dalí em diante muita gente e influências.
Que fizeram nascer minha escrita. Sempre tive uma noção ideológica aos 18 anos me filei ao PT.
E esta ação politica faz parte de minha escrita. Escrevo textos políticos e literários, aprendi a separar o joio do trigo.
Desfiliei-me em 2001.


2- Fale sobre o site Entrementes e como anda sua produção atual.

O site Entrementes é um grande acerto da poeta Elizabeth Souza. Sou colaborador. No que ela precisar eu colaboro. Escrevendo quase que diariamente e fazendo muitas entrevistas.
Estou satisfeito com os avanços que tenho tido com minha escrita. Já fui até convidado para mandar um livro para uma editora. Mas ainda não domino bem o processo de seleção para um trabalho. Mesmo assim já lancei o livro Retinas, CDs Kaoticidade, O destino da chuva com a declamação da poeta, atriz Beatriz Galvão.
Sempre fiz trabalhos coletivos e quero voltar a fazer quem sabe uma produção de cinema.



3-  Como anda a cena cultural em São José dos Campos?

Vivemos um grande momento, não só São José, mas o mundo com a consolidação da internet. A produção é cada vez mais facilitada por causa da informática. Muita gente produzindo arte com qualidade. Estou de olho no mundo.
E São José é um dos palcos. Faz tempo que não faço nada de forma coletiva. Mas vejo muita coisa rolar. Infelizmente só vejo. Deve ser por causa da faculdade. Ou a maturidade nos faz caminhar sozinhos.
Em minha memória o tempo não existe. Tudo que vivemos nos anos noventa esta aí próximo.
Há muitos poetas na cidade e gente escrevendo romances. Uma enorme variedade de escritas,
das mais conservadoras até a propostas ousadas.
Edu Planchez, Solfidone continuam a me encantar mesmo Sol tendo encerrado sua produção
pública.
Estes dois artistas fazem minha cabeça. Mas recentemente quatro anos ou mais encontrei
com um Balseiro quem leu Sidharta de Herman Hesse entenderá, o aprendizado foi enorme.
Infelizmente a pessoa está fora de cena. Há poucas pessoas profundas no mundo. Elas valem ouro. E saio nas ruas em busca destas pessoas. Só levamos para outras vidas o que o coração
grava. Se temos bons amigos a alma nunca será pequena.

4- Seu livro de cabeceira.

Qualquer livro de Samael Aun Weor, autor que deu um outro rumo a minha vida, que descobri através de Solfidone num movimento de poetas na Praça Afonso. Pena que teve vários nomes:
Sociedade dos Poetas Vivos, Irmandade Neo Filosófica e por ai vai. Estávamos felizes na praça debatendo filosofia, arte, política e aí rumamos para um Shopping, invadimos a Bienal de Artes Plástica de Sampa, lançamos O livro Seis Passos ao abismo. Franklin Maciel, Joca, Marcelo Planchêz, Abda Almirez, Solfidone. E em 2002 o grupo foi desfeito. Caminhamos só. De lá para
cá estamos só. Solfidone profetizou isto. E ainda numa parceria com Marcelo Planchêz lançamos uma série
de cds de poesia.
E neste meio os autores e livros sempre pipocaram. Descobrimos o mundo de filósofos, esotéricos, poetas. Tenho o costume de ler e quase nem compro livro. O universo os trás para mim.
Cada um com sua importância e em seu momento. Quem escreve vive numa enorme crise existencial e geralmente financeira.
Minha escrita reflete isto.



5- Qual é a função da poesia?

Ela é um desafio. Alguns críticos dizem que não sou poeta entre eles Dailor Varella mas eu vivo
com a poesia dentro de mim e a escritora Rita Elisa Seda sentiu isto. Função é coisa de mercado, Capitalismo, Socialismo. Doenças de nossa civilização. A poesia sempre existiu e vai existir. É uma
busca de desvendar a si mesmo e  acaba sendo o mundo. Poesia, Filosofia estão dentro de todos
nós. Já religião é o costume o social. A camisa de força que nos põem antes de nascermos. Mas adentrar a este supermercado de religiões é divertido e importante. A vida é breve. Não conseguiríamos viver sozinhos numa mata.

6-  Qual a sua opinião sobre a nova geração de poetas?  E o que tem lido ultimamente?

Esta safra de hoje me ajuda a escrever. Me inspiram. Posso ler poema seu e dar o pontapé para
algo que escreva. Li uma entrevista do Barata no Entrementes e voltei a escrever diariamente.
Muita gente boa. Via sites e Facebook anônimos e consagrados. O abda Almirez dizia para não
nos atentarmos aos títulos de um autor mas a obra. O que importa é o escrito e não quem
assina. Então vamos navegando diariamente e nos emocionando com inúmeros talentos.
Já tem surgido muitas editoras: Pena lux, Patua e por aí vai. Quem sabe realizo o sonho de criar
uma. Na mesma linha da editora Escala baratear o livro. Lógico que de forma alternativa. E que não cobre doas autores.




7- O que te motiva a criar?

Viver, dificuldade, incertezas. Queria ter outros talentos, música, teatro.
Sempre declamei e fiz performances e vídeos. Desde 2009 dei um tempo.
Somos mutantes. Quero fazer cinema, teatro, mas é difícil achar parceria.
O meio cultural está absorvendo demais as regras do capitalismo.
O Deus mercado tem tirado a alma de muitos e muitos artistas.
E nos obriga a estar só. Criar e resistir, insistir.
As pessoas se envolvem demais com as estruturas públicas de cultura e estes
editais matam a liberdade. Arte sem liberdade não passa de propaganda 
para manter estabelecido a direita ou a esquerda. Podemos pensar e agir de modo diferente,mas nos custa um caminho difícil e tortuoso.

8- Você acredita que poesia sempre será uma arte para poucos?

Trabalho para que poesia alcance uma multidão. O livro de Paulo Leminski fez sucesso de venda.
Li seu livro de Cartas a Regis Bonvicino. Deveria ser este livro como o ABC de Ezra Pound para
qualquer ser humano que queira fazer arte.
Hoje temos canais de TV a cabo como o Arte 1, Curta, Off e muitos e muitos que divulgam arte.
Vi um documentário da Patagônia no OFF com uma trilha sonora bela.
Sempre li sobre os movimentos de Vanguarda do século vinte e os experimentei a minha maneira.
Salvador Dalli tem uma influência grande no comportamento dos artistas atuais. Assim como
Andy Warholl.
Também vejo uma influencia perversa do materialismo tentando assassinar Deus. Mas Deus
não esta nem um pouco preocupado. Gosto muito de ler Nietzsche.

9-   Uma  frase.

Atualmente : A vida é breve. Vamos para pasárgadas.

10- Como seria a morte ideal pra você?

Já descrevi ela inúmeras vezes em meus escritos. Que seja rápida.
Será que não descobrirei o elixir da longa vida?

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Agradeço esta entrevista. Que venham outras. Citei alguns nomes. Nomes não se citam.
Já aguardava desde  dezembro. Foi um grande prazer.
Tudo é uma grande construção literária. Um grande abraço.