Beti Tim, Nua Arteira, Nua Estrela. Vários nomes para designar essa artista que transita por inúmeros campos da arte visual. Sua arte carregada de erotismo assusta e choca os reacionários, embriaga os mais delirantes e surpreende os pensadores. Eis abaixo a entrevista que fiz com ela:
1) fale sobre seu início na pintura, quais artistas marcaram a sua formação e porque Nua estrela em vez de Beti Timm.
Meu início nas artes foi muito cedo. Desde menina já desenhava. Durante a adolescência senti se acentuar minha arte e tomar um linha definida, que seriam as figuras humanas, mais precisamente a nudez feminina. Esse foi um período conturbado e turbulento na minha arte. Sofri repressões por parte de minha mãe que dizia que arte não tinha futuro. Passei então a desenhar escondida, e tendo como inspiração, as revistas Grande Hotel da época, que tinham um conteúdo repleto de mulheres sensuais expressadas em desenhos. Sendo assim não tinha nenhum artista que me motivasse, porque não tinha acesso ao mundo das artes. Fui norteada pelo instinto. Depois disto houve uma interrupção de uns 30 anos e somente em 2008 retomei minha arte e com força total. Me inspirei principalmente em Milo Manara, de quem até hoje ainda bebo desta fonte da arte erótica.
Primeiramente passei a usar Nua Arteira devido a uma oficina de grafite, Arte Urbana que fiz recentemente e precisava de uma assinatura pequena para usar nas ações de rua. "Nua" porque desenho, pinto o nu feminino e "Arteira" por ser irreverente na minha arte. Nua Estrela surgiu depois que o Faceboock desativou o meu perfil de Nua Arteira, e então optei por Adequar o Estrela e não fugir do tema. Mas assino minha arte apenas como "Nua".
3) Se você tivesse de classificar sua arte, como a definiria?
A celebração do corpo feminino unindo a ardente sensibilidade visual da mulher com olhar lúbrico e conquistador do homem. Uma ode ao voyeurismo, uma vassalagem à luxúria.
4 ) Na sua opinião, como anda o mercado de artes plásticas no Brasil?
Ainda limitado, muito restrito aqueles que têm contato afetivo ou econômico com os marchands e donos de galerias de arte ou responsáveis pelo gerenciamento dos espaços públicos de exposição. Inexiste uma política estatal abrangente para estimular o descobrimento e o florescimento de novos talentos.
5) Você consegue viver somente da sua arte?
A exceção de um pequeno grupo de privilegiados, viver exclusivamente do trabalho artístico ainda é uma quimera em nosso país.
6) Sua arte está povoada de imagens intensas cheias de volúpia, num erotismo tão intenso que reacionários chamariam de indecente ou imoral. Pra você há alguma diferença entre pornografia e erotismo e qual a linha tênue que separa esses dois abismos?
Este é um dos meus maiores "problemas" na minha arte. Sou constantemente atacada, ofendida por grupos anônimos que desqualificam minha arte, chamando-a de obscena, ofensiva aos bons costumes. Mas passei a ignorar tais manifestações, justamente por crer que o imoral, o indecente está na visão obsoleta e ultrapassada de quem assim pensa. Não vou mudar minha arte em virtude de uma minoria que se diz ofendida e incomodada. Para mim não há diferença entre a pornografia e o erotismo, a não ser o uso do bom gosto, fugindo da vulgaridade. Portanto a linha tênue que separa os dois é o bom gosto. No entanto arte é arte, não importando como seja expressada.
7) De alguma forma a literatura e o cinema interferem em sua arte? Falo isso devido a postura dramática que vemos em alguns de seus trabalhos.
O meu trabalho é resultado das minhas vivências emocionais e culturais. Desta forma a literatura e o cinema influenciam o meu trabalho.
No campo literário destaco, entre muitas outros livros, o Amante de Lady Chatterley, de DH Lawrence, as obras de Jorge Amado, Anna Karenina, de Leon Tolstoi, As Relações Perigosas de Chordelos Laclos e, por último mas não menos importante, Madame Bovary de Gustave Flaubert. Aliás, como ele eu poderia dizer: Madame Bovary c´est moi. Os quadrinhos de Milo Manara, o trabalho de Guido Crepax, Robert Crumb e Carlos Zéfiro também são fontes de referência.
8) Qual sua maior imprudência?
Até hoje não cometi nenhuma imprudência quanto a arte. nesta área tudo é viável. Só tenho algumas restrições quanto aos editais para exposições que participei e não responderam as minhas expectativas.
9) Ainda vivemos sob o símbolo da contracultura?
Creio que sim. A verdadeira arte deve sempre navegar contra a corrente, chocar o bom-mocismo vigente; subverter a moral estabelecida, expor sonhos e desejos ocultos, recalcados, e, no meu caso específico, revelar o esconderijo onde habita o prazer da carne. Arte é subversão.
10) Diga qualquer coisa pra terminar.
Sou uma pessoa que respiro arte. A arte é como um vício maldito. Não encaro a arte como terapia. Quanto mais inquieta, arredia estou mais produzo. Na arte todos os meus delírios são externados e meus demônios exorcizados, ou entram em parceria comigo. Preciso da arte para sobreviver, para alimentar meus devaneios e minhas aflições internas. Minha arte é inquieta e crua, equilibrando-se entre o lúdico e o real.
Mais uma vez agradecida pela honra de participar de um espaço tão antenado com tudo que rola na atualidade, entre elas a arte. Foi um prazer estar aqui tb! Valeu Diego!!
ResponderExcluirMais uma vez agradecida pela honra de participar de um espaço tão antenado com tudo que rola na atualidade, entre elas a arte. Foi um prazer estar aqui tb! Valeu Diego!!
ResponderExcluirSobre exposições de nudez com crianças interagindo com homem nu no sudeste (SP): “ESPÍRITO do TEMPO da arte e a NUDEZ”.
ResponderExcluirA questão não é a nudez.
Todos gostamos da arte cujo tema é a nudez.
Nós seres-humanos apreciamos milenarmente a arte de nudez clássica.
Seja foto
Pintura de Renoir
Filme
Desenho
HQ de Milo Manara
Arte grega
Pintura clássica do Renascimento
Performance
Peça de teatro
A esquerdalha — Kitsch, baranga, petista, psolista, cafona, de mau gosto, bregona, e jornalistas-supostos-moderninhos querem desviar de assunto e dizer, afirmar Q estamos contra a nudez: Não. Isso é para nos tachar e, também, tachar o brilhante e avançado MBL. O corpo nu é belo, como pôr-do-sol.
1.
O problema é a picaretagem. O engana-trouxa. O lixo de certa suposta pseudoarte contemporânea, qdo é de real mau gosto. Pornografia em vez de arte: consumo de lixo. E é disso que se trata quem se posicionou contra aqueles 2 lixaços: parte da exposição de P. Alegre & em bloco a do MAM.
2.
A outra questão é usar meu imposto para financiar picaretagem, embuste, vigarice mesmo com a normativa do MAM (mesmo sendo um espaço de AUTORIDADE artística e acadêmico).
É como pichação: nunca foi arte. É puro engana-trouxa, diferente do graffiti.
Gaudêncio Fidélis (curador) foi, naquele momento, um verdadeiro em embusteiro.
Eis aí tempo de incertezas caóticas.