segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O POETA MAZINHO SOUZA

Por: Diego El Khouri

Mazinho Souza é goiano, poeta, agitador cultural, bardo  inquieto, delirante.  Ao lado de outros escritores, criou a editora marginal Goiânia Clandestina. Esse ano (2017) foi publicado o primeiro livro da editora:  uma antologia com poemas dos participantes da Clandestina. 
Logo abaixo a entrevista que fiz com esse maluco:





1)     O que te despertou no início a criar "imagens  poeticas" através da palavra?

Com doze anos, após ler um poema de um tio meu, fiquei encantado com aquela linguagem e isto me despertou a tentar também e desde então não parei mais.


2)     O que é ser um escritor em um país onde a Cultura é deixada de lado pelo Estado ?

ser escritor em tempos de crise política e descaso cultural do governo é estar de acordo consigo mesmo, é esquivar de todo mecanismo que envolve as grandes elites e, mesmo fudido, estar de consciência limpa com o que se faz.


3)     Nos fale sobre a editora Goiânia Clandestina.

A Editora Goiânia Clandestina é o abraço ao poeta suburbano, marginalizado, o escritor sem ilusões. A editora vem com intuito de dar voz a quem precisa falar, no caso o poeta, e expandir a cultura na cidade, mesmo sem apoio governamental, como forma de expressão e crítica aos tempos atuais.


4)     Octávio Paz dizia que "poesia é a subversão do corpo", Breton  falava que "poesia  é a orgia mais fascinante ao alcance do homem" e, mais na atualidade, Glauco Mattoso veio a dizer que "poesia é a metralhadora na mão do palhaço". E pra você o que seria poesia?

Bom, diferente dos grandes mestres da literatura, eu acredito que poesia seja, simplesmente, viver com a verdade, de acordo com a natureza das formas e das coisas, sejam elas construídas ou naturais. Mais que tudo, poesia é estar vivo e no presente, onde a eternidade reside.



5)     Como se dá o diálogo com outros artistas e público e  de que forma isso influencia em seu trabalho no campo da literatura?

se tratando da escrita em si, poucos ou quase nenhum momento, sou influenciado por diálogos com artistas ou o publico em si, são os livros, as leituras e o ócio que me influenciam, é a tranquilidade de pensar e raciocinar uma idéia. Mas se tratando do trabalho no ramo da literatura, publicações, eventos etc, o contato com artistas e publico é essencial, tanto para compreender a necessidade cultural de cada indivíduo, como também a discussão de uma ideia a ser materializada, neste caso a influencia é quase que total.

6)     O que anda lendo ultimamente?

Ultimamente ando lendo bastante a poesia que está sendo produzida aqui em Goiânia, é quase minha leitura diária, há mais ou menos dois anos, nomes como Paulo Manoel, MaHa Iza, Jheferson Neves e outros poetas em atividades atualmente. Também venho deliciando, nos tempos de ócio, com João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Chacal, e no campo da filosofia Aristóteles e Platão

7)     De que forma as artes podem influenciar  de forma positiva a sociedade? 

Bom, a arte vem à tona para desconstruir uma ideia e despertar o interesse ao novo. Vem como possibilidades de quebras de paradigmas, tais como conceitos morais, e a sugestão a outro ponto de vista do humano enquanto ser, da sociedade enquanto conjunto, da vida enquanto contemplação e expansão dos sentimentos da alma.


8)     Uma poesia sua.

eu, pequeno moço
sei o pouco para sobreviver
no todo que sobrevier

sei que tamanco não dá pé
para o ocorrido
no corpo ao qual não saio
nem para o ensaio dos encontros

e um bolso falido
que leva a saudade
como vaidade
de fuga

por que estaria eu
por aí à estampar
rugas

se meu verso é criança
e como preferência
escolhe a dança
à ilustrar o sombreamento
da rua.

9)     Epitáfio.

“que a poesia seja meu último apego” Dayse kenya

10)  Fale o que quiser. Mete bronca!

Eu quero que o humano se sinta de dentro pra fora
Que alcance os sentimentos mais ousados que tua alma possibilite
Que se entregue aos impulsos do devir
Que se negue à castração imediata da razão
Que se veja sempre em reflexo
Que planeje a direção
Mas não o destino
E que neste desatino
Aprenda a simplicidade

De viver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário