quinta-feira, 23 de novembro de 2017

O TRABALHO ARTÍSTICO E CULTURAL DE OMAR KHOURI

Por: Diego El Khouri 

Mais uma interessante entrevista nesse blog que visa devassar a cultura, enriquecer nosso olhar, fortalecer a cena artística e criar um painel de produção contemporânea. Nessa busca conheci o trabalho do artista Omar Khouri. Temos o mesmo sobrenome e também somos descendentes de libaneses. Segue abaixo esse bate papo.

"Nasceu em Pirajuí (SP. Brasil) em 1948. É Mestre e Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, e Livre-Docente em "Teoria e Crítica da Arte", pelo IA-UNESP. Poeta, editor (Nomuque Edições), promotor de eventos, impressor e crítico ocasional de linguagens. Veiculou seus poemas em publicações coletivas, como Artéria, Zero à Esquerda, Qorpo Estranho, Muda, Caspa, Kataloki, Atlas, Errática e outras. Tem participado de inúmeras exposições de Poesia Visual, no Brasil e em outros países. Atualmente, ocupa-se de um projeto experimental de prosa, donde resultaram vários volumes, já publicados. Vive e trabalha em São Paulo, como professor."



1) Você se dedicou à pintura até os 26 anos de idade. Depois mergulhou profundamente na poesia (principalmente a dos modernistas), encaminhando enfim para uma poesia que, "em boa parte, derivava da Poesia Concreta." No encalço da palavra, a Poesia Visual ("que nos anos 70 a chamavam Intersemiótica") teve um tremendo impacto em sua vida. Nos fale desse início na poesia e como se dá o seu processo de construção literária dentro dessas linguagens e como tais "construções" te influenciam e te constroem como escritor. 

Desde a infância, dediquei-me à pintura e pensava ser esse o meu destino (ainda amo sobremaneira a pintura, sendo eu uma espécie de “rato de museu”). Porém, as coisas da poesia, na adolescência, começaram a me atrair e minhas leituras, bastante diversificadas, passaram a incluí-la e com muito relevo. Sou do Interior do Estado de São Paulo, Pirajuí, cidade que contava com escolas estaduais muito boas, e estudei sempre em escolas do Estado, onde havia altas discussões, já no Colegial, com colegas e professores – parece que tínhamos, de fato, ambição intelectual e artística, naquele meio. Tivemos grandes professores: de Desenho, Português, História, Geografia, Inglês etc. Por outro lado, eu me tornei amigo de Paulo Miranda, uma espécie de menino prodígio, uma inteligência brilhante e um talento extraordinário para a poesia, um leitor contumaz da melhor literatura produzida em Língua Portuguesa e também da produzida no mundo anglófono (seu inglês foi aperfeiçoado durante uma estada por um ano nos Estados Unidos, ainda adolescente). Aprendi muito com Paulo Miranda, como continuo a aprender. Bem, ainda no Colegial, cheguei a ler toda a obra poética de Manuel Bandeira e Oswald de Andrade e de outros modernistas, além de poesia de outros tempos. Na mesma época, tive os primeiros contatos com Fernando Pessoa, Drummond e João Cabral, além de Cassiano Ricardo, que nos parecia um poeta de ponta. Quando Paulo voltou dos EUA, em meados de 1968, veio falando com entusiasmo de um certo Ezra Pound, que logo me atraiu e em cuja obra fui adentrando um pouco depois. Ainda em Pirajuí, os primeiros toques de Poesia Concreta (o poema ‘Organismo’, na revista Invenção 5), notícias de Décio Pignatari, que lecionava em Marília. Transferi-me para São Paulo, que eu já bem conhecia, em 1970, para estudar História, na USP, onde me formei. Marcante para mim foi a leitura do Contracomunicação, do Décio Pignatari, em 1971-72. Em pouquíssimo tempo, o espanto pela teoria transformou-se em admiração pela Poesia Concreta (era praticamente impossível encontrar algum livro que trouxesse poemas do Concretismo – não havia edições comerciais daquela poesia). Descobri, na Faculdade de História, o Panaroma do Finnegans Wake, dos Campos e Joyce, por meio de um colega. Daí, as coisas foram tomando corpo. Sempre estive ligado a Pirajuí (em 47 anos de residência em São Paulo, estive mais de 600 vezes na minha cidade). Ainda em 1973, fiz meu 1º e último trabalho pictórico de fôlego: pintei as 14 estações da Via Sacra em 28 quadros, que traziam alguma influência dos Quadrinhos e da Arte Pop – imagem e texto. Em 1974, pintei um último quadro que, como outros dos últimos 6 anos, trazia palavras integradas à pintura e concebi e publiquei meu 1º livro de poemas + ou – concretos: Jogos e fazimentos (53 exemplares em reprografia – uma máquina da 3M – com encadernação caseira). Daí, com essa motivação, conheci pessoalmente os irmãos Figueiredo (Luiz Antônio, Carlos e José Luiz), Augusto de Campos, Décio Pignatari, Edgard Braga, Haroldo de Campos, Ronaldo Azeredo, José Lino Grünewald e, bem mais tarde, Pedro Xisto de Carvalho. Muito mais tarde, vim a conhecer o poeta experimental português E. M. de Melo e Castro, que reside atualmente em São Paulo. Artéria acontecerá em 1975, mas começou a ser pensada em 1974. As ideias, para mim, surgem isoladas ou em série e procuro registrá-las imediatamente – as ideias vão e vêm, mas nunca retornam do mesmo modo, daí a necessidade de um primeiro registro que, quase sempre, depois destruo. Às vezes, um trabalho é feito por sugestão de alguém: vejo-me forçado a ter ideias e elas surgem (é claro que a partir do repertório que possuo). Já fiz poemas por solicitação de amigos. O meu livro de peças porno-eróticas Poemas: sob a égide de Eros brotou, saiu aos jorros, como numa ejaculação de jovem. Às vezes, trabalho a partir de uma ideia registrada há mais de 3 ou de 30 anos!



 2) A docência é a atividade profissional que exerce desde os anos 70. Como enxerga esse processo político que estamos passando e de que forma trabalhar o poder da educação no intuito de conscientizar a população para enfim uma possível emancipação do ser? 

A aula é um espaço de conscientização, nem sempre com plena consciência de quem a ministra, e o trabalho não é fácil para o professor, que precisa adequar o repertório para que seja inteligível a sua mensagem, e deve dosar para não sufocar o alunado com excesso de realidade palpável, principalmente crianças e adolescentes (com quem trabalhei 25 anos, quase-sempre na escola pública). Deve, portanto, ser a escola, a sala-de-aula, um espaço de liberdade. Nem diria “emancipação do ser”, mas um aprendizado de crítica e reivindicação. Todos sabemos que somente por meio da Educação a população brasileira (ou de qualquer outro país) poderá dar grandes passos, e a sociedade, portanto, ser aperfeiçoada (a elevação do repertório geral da população resulta em atitudes críticas e reivindicatórias). O magistério, para mim, não foi um encargo, mas uma opção e trabalhei sempre com muito gosto. Os sucessivos governos parecem não ter compreendido – por meio de medidas eficazes – o papel fundamental da Educação. Deixei o Ensino Fundamental e o Médio, depois de muita luta inglória: chegamos a ter 18 greves em 20 anos! Sempre acreditei no meu papel de professor e, mesmo já tendo um repertório alto e amplo, com relação às Artes, continuei com o Ensino de 1º Grau, que é como era chamado o Ensino Fundamental. Daí que meus amigos me respeitavam, mas palpitavam: Samira Chalhub, professora universitária e psicanalista, disseme que eu teria de objetivar melhor a minha vida, enveredando pelo Ensino Superior, e me deu muita força para isto; Décio Pignatari chamou a mim e a outros poucos amigos professores de “Seus aristocratas de subúrbio!”, pois, já deveríamos estar cursando uma PósGraduação. Fui para a Pós em Comunicação e Semiótica, na PUC-SP, fiz Mestrado e Doutorado e, como aluno, foi aquela a melhor época de minha vida. O Brasil estará melhor quando a totalidade (ou quase) da população adulta tiver, pelo menos, o Ensino Médio completo. É sempre possível passar boas coisas aos alunos, contribuir para seu aperfeiçoamento enquanto indivíduos e enquanto seres atuantes numa sociedade.

 3) Você é cofundador da Nomuque Edições, que existe desde 1974, e coeditor da revista ARTÉRIA (http://www.nomuque.net ). Nos fale sobre esses trabalhos, qual intuito e como se dá a divulgação. 

A Nomuque Edições nasceu em Pirajuí, no ano de 1974 (formado e desempregado, voltei à casa da mãe e fui trabalhar como balconista na loja de meus irmãos, aí permanecendo por quase 2 anos), a partir de conversas que tive com Paulo Miranda, que residia em São Paulo, mas que ia muito a Pirajuí, em função da família. O propósito era publicar primeiramente coisas nossas – meu primeiro livro Jogos e fazimentos já estava quase pronto e havia, também, outros projetos. Ter a própria editora evitava o vexame de procurar editor. No mesmo ano, veio a ideia de Artéria, que ficaria pronta (o número 1), em julho de 1975, possibilitada pela participação dos irmãos Figueiredo, da vizinha cidade de Presidente Alves (Luiz Antônio, Carlos e José Luiz). Em Artéria 1, já estavam presentes os irmãos Campos e Décio Pignatari (este, havia sido professor de Luiz Antônio de Figueiredo, anos 1960, na Faculdade de Letras, em Marília. Luiz conhecia, também, Augusto e Haroldo de Campos, Ronaldo Azeredo). A ideia de uma publicação coletiva sempre nos fascinou: daí, Artéria que, com suas idas e vindas, permanece viva até os dias de hoje. A distribuição de edições é trabalho difícil se não se conta com uma empresa distribuidora. É aí que entra o boca-a-boca, o de-mão-em-mão, consignação em livrarias, correio etc. Via de regra, não há retorno financeiro satisfatório nesse tipo de publicação e os maiores encargos acabam ficando sob a responsabilidade de 2 ou 3 dos envolvidos na coisa (se tanto). Mas, a satisfação em fazer é o que vale. Revistas experimentais começaram a brotar - em 1974: Código, Polem, Navilouca e 1975: Artéria, Poesia em Greve… A Nomuque nunca pôde contar com patrocínios e publicou pouco, mas coisas mais-que-interessantes, e persiste. 



4) 14 de Maio a 17 de Julho (2016) na Caixa Cultural SP aconteceu a exposição em comemoração aos 40 anos da revista Artéria. "Mais de 60 trabalhos, entre serigrafias, objetos, vídeos e outras plataformas." Você e o poeta Paulo Miranda, foram os curadores da mostra. Nos dê um retrato visual dessa exposição. 

Poderia até enviar-lhe fotos da mostra. Sim, eu e Paulo Miranda fomos os curadores, porque éramos (somos) os editores de Artéria. Porém, o projeto de exposição foi elaborado pelo pessoal do Espaço Líquido: Bruna Callegari e Rafael Buosi foram os responsáveis pela organização e pela montagem da Exposição ARTÉRIA 40 ANOS. Antes de São Paulo, a mostra aconteceu na Caixa Cultural do Rio de Janeiro (out-nov. 2015). Houve catálogos, sendo o de São Paulo o mais completo (deve estar em pdf, na Rede). Muitos poemas foram ampliados e outros expostos em sua versão original. Artéria teve 2 números totalmente feitos em serigrafia, pela equipe (não-remunerada) da Nomuque Edições: 5 e 6 e, antes, em Zero à Esquerda, os trabalhos serigráficos predominaram (acabamos por nos tornar, também, gráficos na prática, aprendendo serigrafia etc).

 5) Em 2013 você ministrou a palestra "Poesia e Visualidade: Uma aproximação". Nela pretendia expor as relações entre poesia e visualidade por meio de análise de 30 importantes poemas visuais, abrangendo desde Oswald de Andrade a Villari Hermmann. Como foi a escolha desses poetas e como trabalhar com imagem em tempos cada vez mais reacionários e segregadores? 

Acho que os tempos são agora menos reacionários e segregadores que há 50 ou 60 anos, só que os reacionários, que são minoria (os conservadores são maioria), conseguem falar alto e são truculentos e, se encontrarem terreno propício, proliferam. A segregação já foi pior, mas a sociedade ainda tem muito o que aprender. O chocante acontece quando assistimos a atitudes moralistas numa época em que imaginávamos que tal moralismo estivesse morto e enterrado. A sessão que cassou a Presidente do Brasil, foi de uma desfaçatez cósmica, uma vergonha para o País - as declarações, em 95%, foram vexaminosas. Assistimos, hoje, a atitudes reacionárias ligadas a moralismos que não deveriam ter mais voz nem vez em nossa sociedade. É preciso combater esse tipo de atitude, principalmente nós, artistas. Os critérios de escolha dos poetas/poemas que ilustraram minha fala, naquela ocasião, foram o rigor e o uso substantivo da visualidade em poemas: tanto a visualidade ela-mesma (gráfica, cromática), como aquela evocada pelas palavras (a Fanopeia, como a apresentou teórica e praticamente Ezra Pound). Os poemas constantes de minha exposição oral privilegiavam a invenção.

 6) Allen Ginsberg dizia que "o futuro é a ditadura do rosto humano". Vivemos num constante processo de mecanização do individuo em detrimento a coletividade. A sociedade, massificada e atrelada ao medo, sofre a alienação desde a base e o ensino é sabotado justamente para facilitar esse "domínio do pensamento". Ainda assim continuar acreditando na poesia? 

A Humanidade não tem conserto, mas sobreviverá – daí o nosso esforço para ao menos melhorá-la. Toda projeção para o futuro equivalerá a um “erro na mosca” (Paulo Miranda). A Arte não salva o Mundo mas pode auxiliar na educação de sensibilidades, pode melhorar as pessoas. Filosofia alguma pode vir a significar a redenção dos Humanos – de gregos a alemães - mas da mesma forma que a Arte, pode tornar (ou não) as pessoas melhores, a partir de um exercício pensamental complexo e profundo. Apesar das coisas a que assistimos, ainda temos (nós: eu e você, Diego) recursos materiais e de pensamento que nos instrumentalizam para que exerçamos a crítica da situação. No Brasil, os problemas se eternizam: o País dá três passos para a frente e dois para trás! Décio Pignatari, com quem tive o prazer e o privilégio de conviver por mais de 30 anos (nos anos 70 e 80 eram muito comuns os encontros com os poetas concretos históricos em bares, na PUC, em eventos culturais, em casas de pessoas, como a de Samira Chalhub. A casa de Augusto de Campos esteve sempre aberta aos jovens poetas e artistas em geral), era muito otimista com relação ao futuro do Brasil, porém, nos últimos anos, o seu otimismo já havia arrefecido. Décio morreu em dezembro de 2012, estando há cerca de 2 anos com a memória comprometida – faz muita falta, com suas tiradas geniais e seus paradoxos e acertos. A Arte (qualquer que seja a modalidade em que ela se corporifique) é uma necessidade dos Humanos, responde a uma necessidade de caráter psíquico. O mundo poderá estar desabando, a Arte se manifestará nas brechas. Sempre haverá lugar e tempo para a Poesia. A Esperança da Humanidade não conduz à Paz e à Concórdia, mas à Sobrevivência, com todas asa suas mazelas. 

7) O que anda lendo ultimamente? 

Ultimamente, tenho lido pouco as coisas novas, pois as obrigações profissionais e outras têm me tomado muito tempo (embora já pudesse tê-lo feito, ainda não me aposentei). Tenho mais relido coisas por necessidades profissionais ou por puro prazer. O alunado coloca questões e isto me motiva a reler, mais do que ler pela primeira vez. Leio mais teorias da arte e poesia em geral. Alunos, às vezes, citam obras que ainda não li, procuro fazê-lo sem perda de tempo. Por outro lado, a solicitação para Bancas de TCC, Mestrado e Doutorado consomem muito do meu tempo com leituras, que nem sempre são as que eu gostaria de fazer. Biografias têm-me atraído: tanto as escritas há tempos como as que estão saindo agora. 

8) Você é Descendente de libanês. Khouri significa "sacerdote"/"padre" em árabe, tendo origem na palavra latina "cura". De que forma essa cultura oriental influencia sua produção artística e como vê a questão da Palestina? 

O nosso Khouri é assim pela transliteração francesa, pois há Cury etc, que é o mesmo nome de família e significa, mesmo, “padre” – acho que nada tem a ver com o Latim (cura). O “kh” dá conta da aspiração, que há em árabe. Meu pai era libanês (do Sul) e minha mãe, filha de libaneses, mas já nascida em Pirajuí. Eu e meus irmãos não temos o “El”, mas outros da família têm. Meus pais não quiseram ensinar a língua árabe para os filhos, talvez para que houvesse uma melhor integração nossa na sociedade que, em Pirajuí, era bastante diversificada, com pessoas de todas as partes do Mundo (um erro da parte deles, que utilizavam o Árabe como língua secreta que, quando ouvíamos, ficávamos pescando uma ou outra palavra que conhecíamos: ‘criança’, ‘dinheiro’, ‘vou sair’, ‘não fale isso diante dos meninos’, ‘olhe’ etc. Palavrões eram impensáveis em minha casa, mas esses, aprendemos do árabe, rapidamente). O domínio do Árabe teria aberto todo um universo para nós: literatura, ciência etc. Mesmo assim, cheguei a aprender alguma coisa, por curiosidade e, às vezes, por necessidade. Aprendi desde cedo a ter orgulho de minhas origens árabes, sem esquecer a parte fenícia, que os libaneses reivindicam, e com razão. Comidas árabes compareciam com frequência em nossa mesa – minha avó e minha mãe cozinhavam divinamente (minha avó sabia tudo dessa culinária) e eu mesmo aprendi a fazer muitas daquelas comidas – a culinária árabe-libanesa é uma das melhores do Planeta. Em minha atividade artística, acho que o fato de descender de libaneses pouco ou nada me influenciou. Na casa de meus avós maternos (os paternos nunca vieram para o Brasil) não havia lugar para a Arte, tanto que os talentos para o canto (dois dos irmãos de minha mãe tinham vozes poderosas e ela mesma, quando cantava, era afinadíssima e somente o fazia se estivesse triste), naquela casa, foram podados desde cedo. Ouvíamos, além das canções populares brasileiras e de fora (também música erudita), muita música árabe. Amei a Arte desde cedo, mas era fora de casa que absorvia o repertório e que tinha com quem conversar, apesar dos refinamentos de meu pai. O Oriente Médio é de uma complexidade estonteante – o sofrimento de nossos primos é de se lastimar e parece que o deus Ares deitou suas raízes por lá (o Líbano sofreu muito com guerras, em muitas épocas – perdemos muitos membros da família por isto e esta foi a causa de meu avó materno, Rachid Cury, ter vindo ao Brasil, praticamente obrigado pela mãe, temerosa de perder o último filho homem sobrevivente). Os próprios árabes não se entendem: a Arábia Saudita, por exemplo, deixou que os EUA destruíssem o Iraque e todos deixam que a incompetente Rússia de Putin financie o aniquilamento da Síria. Veja: o Líbano teve de passar por uma reconstrução recentemente. Os palestinos, não fora o desastre sírio, seriam dos povos mais sofridos do Mundo nas últimas décadas e deverão ter o seu território como país autônomo… deverá haver concessões tanto de árabes como de israelenses (um fenômeno interessante que se observa: a população árabe-muçulmana, em Israel, cresce numa velocidade bem maior que a de judeus, propriamente, daí a chamada de judeus do mundo inteiro para o país). Esses descendentes de Abraão, não se bicam, não é mesmo? Assim como árabes cristãos e muçulmanos. Os Humanos são muito complicados. Agora, quanto aos refugiados, acho que o Brasil deva recebê-los de braços abertos.

 9) Uma imprudência. 

De minha parte? O uso da ironia, mesmo sutil, com pessoas com repertório muito diferente do meu e que não bem me conheciam, a ponto da coisa gerar incompreensão e até atrito. Ou mesmo, passar informações de grande complexidade para um público sem, ainda, a suficiente maturidade intelectual – isto gerou confusão e desapontamento de minha parte. Professor tem de diluir informações complexas (proceder a uma adequação de repertório) para que se tornem inteligíveis – à complexidade, dá-se tempo. 

10) Pra finalizar fale o que quiser. Deixa seu recado. 

Dada a minha idade, já avançada (nasci em junho de 1948) e minha persistência na Arte, darei um conselho (como sempre, de graça): Se tiver um projeto, uma ideia, lute pela sua realização, mesmo que apesar de, não espere as (supostas) condições ideais, pois, quando estas vierem, seus interesses serão outros, o ímpeto arrefeceu, você nada realizará. Execute seus projetos, concretize suas ideias, mesmo que apesar de. Salem! 

São Paulo 7, 8 e 9 de outubro de 2017


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